Nos últimos anos observamos uma mudança radical no campo, com reflexos na economia e na esfera social em todo o mundo. A pergunta que se faz é: O que o mundo espera do futuro no agronegócio?
Para FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação) e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil será responsável pela distribuição de alimentos no mundo em 41% até 2050. Isso se dá pela disponibilidade de solo, luminosidade, pelas reservas hídricas, mão de obra e inovação.
Este crescimento pujante está ligado à grande agricultura, que envolvem famílias (na grande maioria), as quais desenvolvem projetos de grande e médio porte e, sem dúvidas, a gestão transparente, a clareza e a cooperação estão dentre os pilares desta agricultura familiar.
No entanto, poucas famílias do agronegócio se preocupam com o futuro. Estima-se que somente 19% das famílias se atentam a profissionalização e a capacitação dos herdeiros, prejudicando a transparência e a abertura para a perpetuidade dos negócios.
Para almejarmos os ganhos temos que preparar a eficiência. A propriedade é uma empresa, mas senão tiver um conjunto de pessoas capacitadas no trabalho, não teremos o êxito esperado.
Portanto, o trabalho mais importante atualmente é “abrir a mente” dos produtores para a sucessão familiar, transformando os herdeiros em verdadeiros sucessores, objetivando a perpetuação dos negócios de forma centenária.
Um exemplo de sucessão é da empresa familiar Gerdau (120 anos), a qual sempre teve sucesso no planejamento dos negócios. Somente hoje a empresa investiu em um executivo para dar continuidade aos negócios. Da mesma forma ocorre no comércio em geral, onde existem diversos casos de longevidade de empresas familiares.
Mas no campo, quais são as referências que falam em sucessão? Quem pode assumir e quem for assumir, como vai se preparar?
Quem trabalha no improviso não gera renda e não consegue se desenvolver. A história e o entendimento científico sobre as culturas envolvidas são essenciais para o sucesso longevo no agronegócio. Fazer gestão e inovação dentro de todos os setores é basilar!
Levar informações, conhecimento, não apenas em relação ao setor e na atividade que cada um desempenha na terra, mas sim, em relação ao que envolve tudo isso, olhar à frente de quem vai continuar fazendo isso e melhor.
Na linha de melhorar a sociedade familiar por meio da governança corporativa, temos 6 (seis) pilares:
• Ética e integridade.
• Diversidade e inclusão
• Ambiente e social.
• Inovação e transformação.
• Transparência e prestação de contas.
• Conselhos do futuro.
O objetivo é que a harmonia envolva os fundadores e sucessores, como um processo de ganha a ganha, ganha a empresa, ganham os empregados, a família e o negócio, que reflete em perenidade.
Podemos simplificar a Governança Familiar em ferramentas, estruturas e processos que organizam os membros da família entre si, gerando coordenação e sincronização, desenvolvendo os mesmos objetivos, de forma pacificada, resultando em um negócio uníssono e coordenado.
Assim, a Governança Familiar se traduz como um ambiente para gerenciar conflitos, gerenciar relacionamentos, preparar a sucessão, proporcionando a perenidade nas empresas. Tudo isso sem oposição dos fundadores e gestores.
A família estruturada e organizada no agronegócio poderá colher frutos por longos anos, usufruindo tudo o que o setor tem a oferecer. Concluindo com as palavras de Francisco Sérgio Turra, ex-ministro da agricultura: “Vai haver um tempo em que os homens voltarão a terra porque ela lhes dará vida.”
Matéria elaborada por Dr. Allan Paisani – OAB/PR 45.467.